Mobilização Popular pede reabertura do Cinema em Arraial do Cabo

O que define a alma de uma cidade? Suas praias? Seu povo? Suas histórias? Em Arraial do Cabo, a resposta está também nas memórias que habitam as salas escuras de um cinema público abandonado há anos, mas que ainda pulsa no coração de quem vive e ama essa terra.
Fechado há mais de uma década, o cinema projetado pelo renomado arquiteto Severiano Mário Porto, referência internacional e Doutor Honoris Causa pela UFRJ, se tornou símbolo de descaso com a cultura local. Mas agora, um movimento organizado por moradores, artistas e admiradores da cidade quer mudar essa história — com um apelo direto: não deixem nosso cinema morrer.
Arraial do Cabo é berço e cenário de filmes que marcaram a história do cinema nacional. Do clássico “Arraial do Cabo” (1959), de Paulo César Saraceni — marco do movimento Cinema Novo — ao recente vencedor do Oscar “Ainda Estou Aqui” (2024), de Walter Salles, que teve cenas gravadas na cidade, o município respira arte.
Produções como Sudoeste, Navalha na Carne, História da Eternidade, Xaréu – Memórias de Arraial do Cabo e até filmes dos Trapalhões já passaram por aqui. Como pode, então, uma cidade com tamanha ligação com o audiovisual deixar seu cinema cair no esquecimento?

Mais que Tela: Um Espaço de Encontro, Memória e Futuro
“O cinema não é só para ver filme. É para formar público, estimular a criatividade dos jovens, gerar empregos, dar acesso à arte e acolher as pessoas em dias comuns”, afirma um dos organizadores do abaixo-assinado.
As possibilidades são infinitas: cursos, oficinas, apresentações teatrais, conferências, festivais, mostras de cinema local e até abrigar turistas em dias chuvosos. “Num prédio belíssimo e com valor histórico, temos tudo para transformar o cinema num polo de cultura e turismo o ano inteiro”, completa.
Em um momento de visibilidade internacional para o cinema brasileiro, com editais e incentivos culturais circulando por todo o país, não há justificativa para manter um espaço tão simbólico e promissor de portas fechadas.
Nomes como Pierre, Ricardo e Gabriel, moradores engajados, já deixaram seus depoimentos em apoio à causa. E agora, a mobilização chega à internet com um abaixo-assinado que clama por atenção e ação por parte da prefeitura e dos gestores de Cultura e Educação.
Redação: Brendow Lincoln
