FRIZA| Reflexões sobre o ego e a sociedade
Me descobrir como muito sensível tem sido um fato novo. Não sou tão sensível a ponto de usar a palavra hiper. Para “hiper” eu reservo espaço para pessoas que admiro muito como Kurt Cobain, Layne Stanley e todo o movimento grunge de Seattle que, talvez, ainda respire com Dave Grohl em Foo Fighters.
Também não posso dizer que sou pouco sensível, cada vez mais me incomodo e tenho empatia com as pessoas. Muitas vezes parece que eu quero resolver tudo. Muitas vezes não resolvo nada. Eu me importo demais com as pessoas. Talvez a semente da empatia que o vocalista do Nirvana fala em sua despedida faça um pouco de sentido para mim.
Não foi só o movimento grunge de Seattle que se faz presente na sensibilidade com a sociedade. Mas em especial Billie Joe, que amo, nos alerta há tempos como podemos ser grandes idiotas. Ignoramos o que estamos nos tornando, as crianças são vendidas como “In Bloom” e ninguém liga para elas como é bem criticado no álbum de American Idiot, em especial na obra prima que é “Jesus of Suburbia”. E continuamos cantando sem entender muito bem sobre o que ouvimos.
Atualmente tento me readaptar às redes sociais. Não entenda errado, eu as uso até demais. Eu fico nesse lixo de telefone em média de 6 a 7 horas por dia.
Assim como quando vi “O Dilema das Redes”, estou cada vez mais preocupado de como gasto meu tempo e como tudo hoje é propaganda e nos tornamos ao mesmo tempo que somos produtos.
Naquela oportunidade meu susto durou 2 meses no máximo. Depois voltei com um certo desdém com meu clássico ar de superioridade: “eu sei me controlar muito bem”.
Por favor, não me entenda errado, eu estou muito decepcionado comigo e com a minha geração de como somos passivos enquanto a isso, mas não estou ignorando a minha parcela de culpa e autocontrole. Posto às vezes até o que estou comendo para alimentar meu ego e algoritmo. Essa cultura vagabunda de autopromoção é arrasadora. Estou viciado nela. Ela me levou em efeito manada mesmo. Quantas vezes postamos com a sensação de dever cumprido? Eu posso dizer que fiz isso várias e várias vezes.
Fui e sou ainda um instrumento nisso tudo que critico. Mas hoje consigo entender — uma polegada aproximadamente — a frustração de Kurt Cobain com a geração dele e a própria apatia. O quanto as relações fluidas me incomodam e estou cansado de fingir que não. Estou cansado também de seguir a regra de ouro da sociedade atual de ser feliz e sorridente sempre para poder consumir cada vez mais e ser mais um produto.
Hoje eu venci esse dilema, espero que seja uma nova constante.
Bruno Friza é colunistra do Folha Cabista, studante de Geografia e Letras, Bruno combina uma visão crítica com uma sensibilidade única, capturando as nuances do cotidiano e das relações humanas. Apaixonado por viagens e pelo contato com diferentes culturas, ele acredita que cada pessoa carrega uma história única que merece ser compartilhada.